Avaliação Emergética: Uma aplicação à economia Portuguesa
Universidade de Évora
Colégio Espírito Santo - Sala 124
David Campbell (United States Environmental Protection Agency)
Carlos Oliveira (Universidade Lusíada, Vila Nova de Famalicão)
Resumo/Abstrat: Este trabalho tem como objectivo fazer uma avaliação emergética da economia portuguesa para o período de 2000 a 2009. Esta avaliação é realizada com base no cálculo de índices emergéticos que estabelecem diversas relações entre a dimensão ambiental e os mais conhecidos indicadores macroeconómicos da economia.
A emergia (com m) é uma grandeza introduzida por Howard T. Odum (1924-2002) que quantifica toda a energia disponível que foi previamente usada, directa ou indirectamente na produção de um bem ou serviço, e cuja unidade é o Joule de energia solar (emJoule solar, ou seJ).
A análise emergética de sistemas baseia-se em princípios da termodinâmica e na teoria geral dos sistemas e converte numa mesma unidade, o seJ, as unidades de todos os fluxos de energia, massa e moeda, que atravessam a fronteira de um dado sistema em análise.
Neste trabalho, o sistema em estudo foi a economia portuguesa e, com base em dados estatísticos e através da metodologia emergética, foi possível calcular a emergia incorporada nos fluxos de entrada e saída do sistema. Estes fluxos foram agregados em Recursos Renováveis, R, Recursos Não Renováveis Locais, N, Recursos Importados, IMP, e Recursos Exportados, EXP.
Os resultados mostram que o fluxo total de emergia requerido para suportar as actividades do país, U (U=R+N+IMP), apresenta oscilações no período em estudo, tendendo a diminuir nos últimos anos, e sendo em 2009 inferior ao de 2000.
Em relação à análise dos índices emergéticos, destacam-se em particular os índices que medem intensidades e eficiências emergéticas nacionais: Emergia por Habitante; Emergia dividida por diferentes medidas de massa monetária, como o PIB e os agregados monetários M1, M2 e M3; Razão de Rendimento Emergético (EYR=U/IMP); Razão de Investimento Emergético (EIR=IMP/(N+R)); razão entre a Emergia nas Importações e a Emergia nas Exportações (IMP/EXP); razão entre a emergia recebida e a emergia fornecida numa troca (EER); entre outros. A quantidade total de emergia requerida por habitante ao longo do período 2000-2009 apresenta uma tendência geral decrescente, o que pode indicar que o nível de vida e o bem-estar da população diminuiu ao longo deste período, uma vez que menos recursos, provenientes da natureza e da economia, foram investidos em cada pessoa ao longo deste período. Por outro lado, os resultados indicam que a emergia requerida para gerar o valor económico de 1 USD, medida através da razão U/PIB, diminuiu, o que indica que a riqueza medida em unidades monetárias aumentou mais rapidamente do que a riqueza medida pelo respectivo consumo de recursos. O decréscimo verificado no EYR, o aumento do rácio EIR, de 2000 para 2009, assim como o facto do rácio IMP/EXP ser inferior à unidade, sugerem que a economia portuguesa é, em 2009, mais dependente de fluxos de emergia que acompanham as importações. O índice EER indica que Portugal é prejudicado no balanço das trocas comerciais de emergia com outros países, sendo maior a emergia que cede incorporada nos produtos exportados do que a emergia que recebe associada ao valor do dinheiro pago por esses produtos.
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