O impacto da agricultura itinerante no bem-estar das populações rurais e nos ecossistemas naturais e semi-naturais de Timor-Leste

15/11/2011 13:00

Universidade de Évora
Colégio Espírito Santo - Sala 124

Maria Jesus, Pedro Henriques, Pedro Laranjeira, Vanda Narciso

(Universidade de Évora)

Resumo/Abstract: Nos países tropicais assiste-se todos os anos, principalmente na época seca, à destruição de milhares de hectares de floresta e de matos em consequência da prática de agricultura itinerante “slush and burn”, “shifting cultivation” ou “swidden agriculture”.

A agricultura itinerante é um tipo de sistema agrícola primitivo ou tradicional, adoptado historicamente nos ecossistemas de florestas tropicais, em que o ser humano faz o corte da floresta, queimando os resíduos como preparo da terra para o cultivo de subsistência. A produção de alimentos é feita por 2 a 3 anos e, posteriormente, essa área é abandonada, tornando-se assim improdutiva. Muitas vezes, nos terrenos abandonados estabelece-se a floresta secundária, podendo esse terreno voltar a ser utilizado para o cultivo cerca de dez a vinte anos depois. Em Timor-Leste, a agricultura itinerante ainda é hoje praticada como forma de agricultura de subsistência.

Com este trabalho pretendemos, relativamente à agricultura itinerante praticada em Timor-Leste, caracterizar e relevar a sua importância sócio económica para as populações rurais do território, identificar os seus impactes na sustentabilidade ambiental dos ecossistemas do país e referir as soluções para minorar os seus efeitos negativos.

A metodologia utilizada baseou-se na recolha de informação bibliográfica relevante sobre o tema e na realização de um inquérito por questionário a agricultores itinerantes do sub-distrito de Atabae, distrito de Bobonaro. Este questionário caracterizou a agricultura itinerante e ouviu a opinião dos agricultores sobre os efeitos da mesma.

A agricultura itinerante de hoje em Timor-Leste destina-se essencialmente às culturas de horta entre as quais o milho, o feijão, a mandioca, a abóbora e a batata-doce. O derrube e corte são feitos, pelo grupo familiar, em solos cobertos com floresta densa, sendo os materiais resultantes usados para lenha, vedações e materiais de construção. A maioria dos agricultores faz o corte e derrube há mais de dez anos em parcelas com uma área inferior a 2 hectares. A queima dos resíduos é feita antes da sementeira e a preparação do solo e a sementeira é feita com alavanca. A terra e floresta, apesar de terem um uso individual, têm um regime de posse e acesso em que o carácter de bem comum é predominante.

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